ao Miguel de Castro

Data 18/05/2009 20:36:41 | Tópico: Poemas

ao Miguel de Castro









subamos as escadas mas depressa

não há tempo a perder



rasga-me a carne o relógio

como o arado a terra



vamos depressa

depressa

porque é urgente subir



sabes

como no teu poema

temos vinho e cigarros

e até uns trocos trago na algibeira



se não chegarem para as putas

para que as enganemos noite adentro

e durmamos em verso no bordel

que sirvam para uns caracóis



ou então para as balas da pistola

com que rebentaremos os miolos

aos comedores de croquetes



e há tantos nisto da poesia



e no meio das metáforas

vamos

como escreveste há tanto tempo

morrer, sem glória, em qualquer luta





Xavier Zarco

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