DOURO MEU, MEU DOURO
É tão fácil ser poeta entre as colinas do Douro! Acho que Deus, que foi Deus, não resistiu e foi mestre em perfeito arrebatamento de inspirado criador! E, em êxtase de primor, moldou suaves texturas, enfeitou-as de luxúria, escreveu nelas a (D)ouro tocou de leve o macio ventre da terra a quem deu dons e graças de mãe fértil!... E não ainda satisfeito, querendo o quadro perfeito, pintou o sol de calor, e do céu escorreu a cor que lavou nas águas doces do rio traçado a amor nos mansos vales fecundos... Mas Deus, que foi Deus, tocado de empenho profundo, achou incompleta a obra, e por amor ordenou que o Homem desvendasse o mistério da beleza, e para sempre guardasse, em labor de perfeição, a Terra que elegeu como Sua dilecta obra... Não sei se é por ser minha, mas esta dádiva divina é inspiração que me toma em poesia, em veneração, sempre que olho os vinhedos ajoelhados em prece sobre o rio em procissão... E recito sempre um poema, quando chego à sua estrema... É tão fácil ser poeta entre as carícias do Douro!...
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