O FIM DO POETA

Data 24/05/2009 13:19:34 | Tópico: Poemas

Sinto que minhas mãos se contorcem
E que minhas pálpebras se resfriam
Sinto que meus dedos escapam
Do domínio que muitas vezes os vencia
Sinto frio e minhas pernas cansaram
Não posso mais escrever um poema!
Não que a minha alma esteja pequena
Nada disso, apenas calo meus desejos
Puxo um manto de estrelas
Cubro meus pés com terna terra
A que me moldou como costela de Adão
Assim como um ventre me banhou
O choro, o grito me fincou no chão!
Tenho fome de dizer muitas coisas...
Embora perceba que meu tempo é limitado
Um dia me vi poeta
Foi quase por acaso
Vi uma folha
Tão alva como a lua
E fiz rabiscos
E fiz confissões
E cri que era grande
Um dia fiz chover palavras
Fiz ventar ares abstratos
Fiz amor
Fiz sofrer
Fiz nascer
Fiz morrer inúmeras frustrações
Hoje faço morrer uma semente
Com minhas lágrimas solitárias
Num cantinho obscuro
Duma terra úmida
Não faço mais nada
A não ser esquecer!

(Ledalge, 2009)



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