
Ser pobre um dia
Data 24/05/2009 20:43:08 | Tópico: Poemas
| O João da Nora trabalha no campo Rompe a pele em cabo de enxada Trabalha também na fábrica Rompe os pulmões até de madrugada
Respira a bosta de boi durante o dia O amoníaco ácido durante a noite Que lhe queima os pulmões e o cérebro A jorna acaba dorida como um açoite
Leva na lancheira o pão e a tristeza Por todos os poros arrota desgraças Já não é novo, ele sabe-o e sente-o Roga ao Senhor, lhe traga novas graças
E não pede muito o João, velho Embora de idade seja novo Pede o direito á diferença Entre os velhos deste povo
Fecha os olhos ajoelhado ao Altar E pede a graça de ser pobre um dia Para que assim não o seja todos os dias E lhe renove uma vida sem agonia
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