Imune

Data 24/05/2009 20:43:46 | Tópico: Poemas -> Tristeza



Quem me dera ser imune
Ao frio dos continentes mais gélidos
Ao vento em fúria transformado em furacão
À doença castradora e à intempérie
Aos feridos em tormento e pedintes em aflição

Quem me dera ser imune
Ao sofrimento de um povo calado
E à dor que se esconde e se abafa
Em cada rosto desvairado

Quero ser imune
Aos teus toques de aventureiro de ensaios
Às tuas carícias desdenhosas de tíbio amante
À tua comodista e gélida indiferença
Ao teu silêncio sufocante

Quero ser imune
Ao teu frígido emudecimento
Onde lábios que se querem permanecem fechados
Quando em potência temos dentro o fruto da vida
Morre em nós a beleza da flor
A semente da amizade e da partilha
O enigma cintilante do amor

Quero ser imune
À vontade de me lançar em fúria
Num amplexo cálido recomeçando o ciclo
Para que a minha existência faça sentido
Ao latejar com que me visto sem critério
À força vibrante com que reflicto
Ao milagre de me dar em mistério

Estou imune!
Ao conseguir estrangular o clamor
De convocar em euforia o teu nome de mel
Transformado em lágrimas contidas
Num prato que se prova com sabor a fel!




Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=84175