MANIA DE PERSEGUIÇÃO

Data 25/05/2009 20:56:24 | Tópico: Contos

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MANIA DE PERSEGUIÇÃO

A claridade fere os olhos. Ela pisca compulsivamente, tenta erguer a mão, mas não consegue. Começa a dar conta de si…aquele lugar…o quê seria? de repente a mente a sacode, em desespero puxa novamente o braço colocando abaixo o suporte do soro, retirando de sua veia a agulha que lhe alimentou nos últimos dias. Minutos depois tem uma enfermeira a sua beira que com jeito delicado tenta com palavras, acalmá-la. Nada resulta.
Pouco depois entra o médico acompanhado de uma senhora já idosa. Ela olha, reconhece a tia, começa a chorar.
Enquanto a tia faz-lhe carinhos no cabelo o médico examina-a ,pede à enfermeira que lhe aplique um calmante, olha para a moça angustiada e diz – Esta foi por pouco -novo choro, soluça, e diz que não quer estar viva,que tinha
feito sua opção.
A tia começa a conversar, com voz calma e acariciante ,diz à moça, que ela é importante, que tem muitos anos pela
frente e que nada justifica uma atitude tão drástica colocando fim numa dádiva divina.
Com olhar atento, a moça a escuta, susta o choro, e com a voz entrecortada diz – tia, eu estou aqui por engano , não represento nada para ninguém, as pessoas chegam na minha vida, espiam e vão embora e sou eu a única culpada, eu as afasto…Veja bem, no meu grupo de faculdade, quando chego, noto que mudam de assunto, deixam de ser naturais, trocam olhares cúmplices, eu não me sinto fazendo parte, é como se eu entrasse num cenário de um filme errado…Quando entrei para este grupo, no começo
convidavam-me para festas, saraus, esforcei-me, fui a todos, fui simpática, mas pouco a pouco, o interesse deles por mim, acabou…Acabaram-se os convites, só fazem aqueles pró-forma. sinto-me isolada -
A velha senhora, respira fundo e pergunta se ela não lembra de nada bom, afinal tinha um namorado, dois irmãos, dois sobrinhos e era sabido que gostavam dela.
- Tia, só a senhora não vê! Olhe bem, quem está aqui do meu lado? Onde está meu namorado? Meus irmãos e os ditos amigos? Não, não quero mais esta vida, quero ir embora, partir para nunca mais voltar.
- Minha querida, não deixe que a mágoa turve seu coração, você está omitindo os bons momentos, lembro muito bem da tua felicidade com sua turma de aeróbica no dia da apresentação.
- Momentos tia, só momentos, aquela turma formava “panelinhas, tia, odeio as tais “panelinhas”,e neste caso nem de tampa eu servia. Ficavam a trocar SMS, emails, a mim só enviavam a título de repasse, nem uma palavra amiga. Não tenho sintonia com esta vida, nada me prende aqui1
- Presta atenção garota, vamos rezar, não coloque objeção, vá lá, repita o que eu digo, e faça-o com fé.
Enquanto a tia rezava, ela ficou a rever a vida como flash de filme, cada vez mais convencida de que não devia ter acordado. E fez-se o efeito do tranquilizante e ela adormeceu. A tia vendo-a mais calma , também se retirou. Quando acorda vê o rosto do médico do dia anterior, ele sorria para ela – Já é hora de levantar da cama mocinha, e tenho boas notícias para você
- Ninguém pode trazer-me boas notícias, eu não atraio coisas boas, até parece que tenho doença de alto contágio.
- Calma aí, menina, a notícia penso ser ótima.Você está grávida!!!
Por um momento seu coração pára, ela olha o médico e pede – Repita -.O médico reafirma que ela está grávida de dois meses, e que saberá de maiores detalhes quando a ginecologista vier lhe ver.
Sente-se planar, então não tinha vindo ao mundo por engano, havia um propósito afinal…grávida? Seria capaz? até agora tinha feito tão pouco…um filho…saiu do seu encantamento e perguntou ao doutor - O bebê sentiu o que eu fiz?- O médico diz a ela que sim, mas que foi socorrida a tempo, que já haviam feito a medicação para o bebê e que apesar de tudo ele estava bem.
Fica só no quarto, vem-lhe nos lábios um sorriso, tinha motivos para continuar, tinha alguém para amar e teria que provar que o merecia. O pequenino que se aninhava em seu ventre merecia tudo. Pensou nas amarguras de horas atrás e resolveu que não mais seria excluída, que refaria o percurso procurando distribuir afeto, para só depois pensar em receber.






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