APRENDIZ DE DIVAGAÇÕES
Data 28/05/2009 11:14:06 | Tópico: Poemas -> Reflexão
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O teto, acima de mim, Jaz sólido: Ainda sim, Transidamente, Eu o olho.
Escalavrado pela impotência, Pelo vácuo, pelo tédio De afluirmos, Deliberadamente, Ao estuário da vida, Deixo-me domar Pelo sobrepujante cavalgar Do heliocentrismo da elegia.
Pesarosas lágrimas silentes E invisíveis rolam-me Por sobre a epiderme:
Crianças ao bel-prazer Do ódio como agasalho Da devoluta alma, Devoluta pele e osso, Devoluta mente, Devoluto corpo Sorvem a seiva da ira Contra o Éden misericordioso.
A eloquente voz de um homem Esculpe, esmerila e grita A oração: --- Sim, nós podemos, irmãos!
No entanto, Será que esta sentença Ganhará eco de materialização No reino, hein, das vis-metais mentes e preconceituosos corações?
Não, Tal convicção não acalenta Meu escaldado ente-razão, Mesmo quando agora O contemplo segurando, Firmemente, o poderoso cetro Que norteia o rebanho Das extáticas cabeças Que, pelo obliquo caminho, vão.
Na verdade, O que, cotidianamente, Vejo é a construção --- cada vez mais célere --- De megalópoles quatro palmos Abaixo do chão.
Na verdade, O que, cotidianamente, Vejo são vales de incauto sangue derramado Regozijarem os galhardos iconoclastas Da sábia vida prolífica: O escárnio á longevidade da sua celebração, sua mádida magia!
Testemunho Querelas que libam, Avidamente, O vinho da ganância por poder Abrir sulcos e crateras Na mansão do nosso altruísmo.
Testemunho O gradiente do egoísmo e da maldade Açambarcar-se, avolumar-se, Caminhar de mãos dadas com a ubiquidade, Tornar-se loquacidade, astuto E voraz canibalismo onipotente: O arrebate do arrebol da crueldade iminente e a corrosão selvagem, Chama alimentando a sequidão leviana, alarve Qual ansiosamente se encontra Ás portas do sol que liberta A aura da universal supernova hecatômbica, fúnebre, funesta!
Enfim, O teto, acima de mim, Jaz sólido: Contudo o liquefaço Com o lume dos pensamentos Que emana da íris dos meus olhos opacos.
Sim, Contemplo, como se estivesse Confinado numa câmara Hermeticamente fechada, A insensibilidade degustar-nos Incomensuravelmente deleitada.
JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA
http://palavrasdeumpoetamenor.blogspot.com/
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