Escorre-se em mim o nada

Data 21/06/2007 07:18:16 | Tópico: Poemas

Escorre-se em mim o nada
na imensidão dum insurrecto mar.
Fundo, extraordinário, desmedido,
neste glaciar vago de tão concreto
e a alma, ao lado,
em torrente, em lava e chama.
Esta, nua de tudo, até de si,
a escorrer-se infinda,
dolente, lúgubre, taciturna,
No afago
No tacto
No corpo
Nos seios hirtos da palavra,
em sua busca,
na busca de um propósito,
de um desígnio
de um sentido
de uma só estrela diurna.
Cassiopeia
de um signo, de um sigma
inconcluso,
de um desordenado alfabeto,
em ritmo, no ritmo comum
e na eloquência harmónica
d’afecto.

Escorre-se em mim um mar
aberto em fogo.



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