O fazedor de nada

Data 29/05/2009 23:53:51 | Tópico: Textos -> Esperança

Como semente que sou, nasci de borla e de borla morro. A doce certeza de que acabarei a dar de comer ás plantas minhas amigas enche-me de paz.
Lendo, relendo, sentindo, escutando apenas o bater de todos os corações que amo sinto tantos lados dum mesmo prisma.
Os actos e as palavras passam por mim como vento não deixando mais que um gostoso arrepio ou um aroma quente a especiarias.
Detenho-me naquilo que parece não ter nada para ver e aí descubro tudo aquilo que nunca ninguém me contou.
Questionando sempre as minhas acções dei por mim a passar cada vez mais tempo parado e a amar cada momento disso. Os movimentos são apenas os necessários ao avanço da vida e a onda atinge uma constância que quase iguala o seu alcance.
Comecei a queimar o meu dinheiro e vi os meus amigos a partilharem o calor da fogueira comigo.
A liberdade que nos une é o Amor que nos separa e estamos mais juntos que nunca.
Escolhi não mais erguer a mão para fazer algo que vá contra o meu coração e nunca encontrei qualquer resistência que não conseguisse vencer.
Tantas vezes de mãos nos bolsos quando me apetecia meter mão á obra. Cansadas as orelhas de tanto ouvir e fechada a boca para não alimentar aquilo que quero criticar.
Desviada que foi a lente mais claro me pareceu o caminho e dei por mim lá.
Não preveligiando nenhum lado da realidade acabo por ter uma melhor prespectiva do todo e depois de subir não há queda possível.
Quase alheio ás mesquinhas dores dou por mim quase coberto de musgo tal a paz emanente de mim.
Contente com esta minha capacidade de não fazer nada prossigo para mais nada fazer.


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