
Pátria Amada
Data 31/05/2009 20:27:20 | Tópico: Poemas
| Não, não me deves o que te dei, tudo que ainda me cabe ponho em tuas guardas: minhas mãos vestidas de afeição e presteza às dores dos irmãos que me deste; as horas de sono que nunca mais terei entrego a outros filhos teus, também aflitos, pelos quais espero de olhos abertos e limpos, paramentada, tendo o teu alarme incrustado no meu tímpano esquerdo, porque via para o coração. Amo-te, esplanada de tudo que preciso. Sob tua bandeira gigante, abrigo verde que me veste a alma, nenhuma tortura me alcança as fraquezas, nenhuma dor me ensina a trair-te.
Não te devo mais que o subterrâneo onde moram meu pai, meu irmão, amores meus que se foram, que por tua glória se perderam da vida, trabalhando.
Brasil, berço dos meus pés cansados, troco-te agora, com um pesar de morte, por uma Espanha qualquer, tão incômoda esperança! Pelo sangue do meu sangue, o sangue mais puro do mundo, eu imploro: ama-me, pátria amada, ao menos uma vez.
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