Bem sei...

Data 31/05/2007 16:33:50 | Tópico: Textos

Bem sei, que me conheces, me descreves com mestria; já que meus risos, assim como meus prantos já lhe são talhados á mente, assim como entendes quando desejo esconder-me, ou quando em mim, há denodo o suficiente para me contorcer á explanar-me em longas e belas palavras.
Bem sei que entenderias, assim como citaria com ligeireza a cada palavra, que inconstante, (mas a ti previsível) denotaria em uma poema de amor.
Não de amores exuberados pela imcompletude do impossível, mas de falas arraigadas por sobre estacas, bastiões que ostetam, em contratempo sustentão, as falas(não ditas), os gestos, sendo amor, assim como se deve ser.
Bem sei, e como poucos sei, a cada momento que choro, a cada momento que por ti imploro e as falas se misturam aos versos que nunca escrevo.
Vivo tacteando o desejo para que um dia eu diga tudo aquilo que em verdade almejo dizer-te, mas sei, bem sei que saberias, que sabes, que sabias.
Mas do que vale o saber?
Se o entender não é aquilo que verdade se prerscrutava o ser,
De nada presta. Por isso a cada instante que me dou ao esto, não prazer, denoto em longas falas, todo o desgosto que me é o lodo que se entranha
Por entre cada gosto, cada instante, cada fala, cada lembrança.
Talvez diria que sabes, entendes, ora, já sei deste teu inferno de tudo entender!
Mas por quê não ficar?
Bem sei, não precisas dizer, amanhã o ônibus irá passar novamente, as ruas vão se encher de passos que pensam que sabem d’onde vão chegar, fumaça há-de encharcar o peito daqueles que pensam respirar ar, pobres...
Mulheres hão-de trair aqueles que pensam ser os amados, homens hão-de enganar aquelas que pensam ser as únicas( quando são as outras).
Amanhã os despojos sujos, apodrecidos do viver, hão-de se rebentar a lembrança daqueles que pensam saber o que fazem, o que pensam, o que sentem. Mas sempre possuem um infausto para lamentar, para tentar dizer que sabem algo, que aprenderam com tanta dor.
Vá para o inferno! É, sempre assim, mas sempre tornam de lá, talvez o inferno seja aqui. Talvez lá seja o céu, sim, talvez lá seja o repouso, e como lembrança é vida que deseja se perpetuar, cá tornam ao inferno de ser, para quem sabe assim, jamais abandonar o “senhor” do seu (particular) inferno.
Por isso se tem tantos estrovos, por isso a semana passada o vizinho matou a mulher, o amante matou o homem, a cunhada fugiu com o amante, e o filho?
Amanhã hão-de ver o que se tornou. É apenas destino, mulheres se tornam prostitutas, dos prostíbulos que sempre prostibulam algo, que sempre teêm matéria para prostibular. É por isso que há tanto vazio, jamais sem causa.
É mais fácil não parar para reflectir.
Mas amanhã tudo torna a normalidade, a vida há-de tornar ao ciclo normal das flores, que pensam, ora, nada pensam, o pobre beija-flor é que pensa, mas é apenas mais um, afinal as flores se abrem para dar. Mesmo que não seja para o bico do “rapazinho rápido.”
Bem sei que sabes, afinal também vês tudo que se dá.
Talvez seja isso que me afadiga, que me enclausura a ti (inferno) que jamais se tornou meu, mas que sendo, seria céu, sim, seria o que nunca fora. Talvez por isso te amaria e ficaria a te toda a vida. Mas sua teimosia de tudo saber, sem nada fazer acerca daquilo que ainda se pode mudar, me exaspera, me faz um infeliz condenado, cumprindo setença a cada dia que cá tudo novamente se forma. Mas sei, bem sei que assim será.
Talvez esteja acomodado suficientemente como tu, a ponto de tudo ver, saber, mas nada querer mudar.
Eu sei, tudo também sabes, mas lá, ao largo, se vai tudo que poderiamos fazer,
Custa muito impedir que se vá?
Eu sei, e tu, bem o sabes, não me canse com cartas marcadas, nem ecos sujos propalados pela inteireza do teu tudo entender, eu bem o sei.




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