
Oceanus
Data 01/06/2009 22:18:28 | Tópico: Poemas -> Esperança
| Sinto-me largado ao vento Sem norte, nem sul Sem leste, ou oeste Perdido nas brisas infinitas do planeta Perco-me na acalmia do oceano Dum azul profundo que amo Nas profundezas do meu ente Um ego, que se inunda ao ser crente Vasculho o passado e os pretéritos Para me reencontrar Para conseguir achar A criança que no mar se perdeu Que se afogou com o tempo imenso Do oceano que é propenso À dispersão do azul Dos mares ao Sul Mares do Sal E eu que escrevo, tal Como li os teus escritos Quando vagueavas pelos infinitos Dos mares do Norte, mares de Barens, golfos de Bótnia Procuro em ti experiências passadas Renego paixões amarguradas Olhos da cor do mar que elevo Mar revolto, nas ondas de uns áureos cabelos Oscilo entre a harmonia, mas em mim fervo Com as vicissitudes da doçura, Após a amargura Escrevo as escritas do reencontro Escrevo os escritos do pesadelo Deste sonho vivente envolto Em nevoeiros que atravesso Quando caminho para as camadas inferiores do ego Das plataformas que nos levam ao núcleo Dos dilemas de Verne ao centro do Eu Redondo e esférico, abrasador, o núcleo, o caroço envolto em breu Que se descobre Que se envolve Há que perfurar a mácula, a agonia, a angústia, a raiva e a maleita Rejeitar o ódio, mas não rejeito o desejo! Esse é o meu ensejo Mas será o desejo a angustia do homem? Será o que o leva ao desespero? Será o desejo, a génese da flagelação? Dos ímpios actos de veneração? À carne e aos seus vassalos Aos seus subordinados Aos mágicos e deprimentes fados? Voos da imensidão, voos mágicos pelo mundo que revejo Voo sobre o planeta, passeio num cometa Fervente na cauda, encrostado em gelo Que assimilou nas fronteiras do Universo Que me revisita Caminho, corro com a fita Da vitória ao alcançar a meta Cansado, depois da sesta Mas elevo-me, procuro, e reprocuro, procurando de novo, reprocurando O caroço, o núcleo, o cerne Mas parece que não faço parte daquelas influências magnéticas Que vêm do extremo do sistema solar e que atravessam as camadas quentes para depois o núcleo encontrar. Farei parte daquelas que o rodeiam ? Caminho então sobre as águas, imerso nas profundezas do azul Destes mares de lágrimas ao sul Nado, tal homem da Atlântica Ondulo o corpo, oscilo com as ondas do mar E do sal consigo saborear E quanto mais Sal, mais sede, mais água doce Quanto mais Sal, mais fome, mais rios que das montanhas nascem E no sal, procuro as montanhas nos altos, nado como o salmão Procurarei o destino no topo do rio frio para conceber E perecer? NÂO Vagueio no Tejo Imerso De águas límpidas, que outrora encheram as ninfas de candidez e de alvura Tejo que limpa as mágoas, que lava a ânsia mais dura Que em tempos ancestrais convertia pecado em candura Da mulher em que lhe revejo banhar-se, bela e pura Mas procuro nele a lua cheia a reflectir-se na paz do horizonte Na silhueta de uma ponte imensa que o percorre De uma exponencial decrescente Mas no furor e na alegria sou crente E também com o tempo vou perdendo a minha identidade É simples influência do acréscimo na idade Mas cabe reencontrar-me Para apenas achar-me Sentir-me envolto em nuvens Vaguear e passear sobre jardins verdejantes Amar os seres do mundo, pecadores e errantes E procurar algo que me satisfaça o espírito Que me satisfaça o eu interior Que renegue a dor e o rancor Procuro no mundo dos infinitos E revejo na infância a alegria, a egolatria O puro amor. ___
João Filipe Pimentel
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