Mulher Iníqua

Data 01/06/2007 14:38:16 | Tópico: Poemas -> Sombrios

Olhos silvestres, que me flagelam,
Num ápice secreto doloroso.
Emaranhados olhares que me congelam,
Arrancando de mim o amoroso.

Tremo só de a pensar, cruel e nua,
Estática, como é, e mui malquista,
Como uma gruta que se abre em plena rua
Botando de si uma repugnância mista.

Mescla com furor tal vontade,
Arruina a conduta com o desejo
De abarcar tudo e todos em maldade,
De macerar a candura num lampejo.

De devorar os inocentes não se cansa,
Essa vil mulher que me enoja.
Com sua grande astúcia ela os alcança,
Chupando-os para tão maldita corja.

Tu que reinas, iníqua, serás destronada,
Vencida, como eu desejo, e expulsa,
Para que tu mesma sejas sempre atormentada
Pela justiça que se fez e te repulsa.

Autor: João Cláudio Pires

(um dos poemas que vão ser submetidos a concurso, num dos mais prestigiados prémios de poesia)


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