canta

Data 05/06/2009 20:46:27 | Tópico: Poemas -> Dedicatória

dentro de um cigarro, há órbitas
que se apanham a percorrer torrentes.
algo tão simples e tão cósmico
quanto os seus olhos - é na noite que
eles se abrem ao mundo, num círculo perfeito.
o mundo não sabe seu nome. eu
direi. leonor. um arquejo por entre a
chuva, nos tendões que formam a música
e nas palavras dos homens e no seu
inabalável corpo, e nas minhas mãos
emersas sobre sua voz.
dos seus olhos retiro o fôlego e torna a
luz à sua figura. os lírios percorrendo acima
as pernas feitas de leite, os dedos que a natureza
escolheu para se elevar até aos seus olhos. irão,
estas flores, girar no seu corpo e formar
a ciência ramificada. um lugar onde os vinhos
beijam a sua testa e as línguas se erguem da
terra. onde os meus dedos acalmam a sua
quente pele e um nome escrevem: leonor.

ou as mãos passam pelas searas, e
num planalto ela dobra-se e sangra o espírito
das estrelas. lá, no topo do planalto, onde os seus
seios se aprofundam na neve e os músculos
se desfazem, os corpos de luz incendeiam-se.
na sua pele, a noite acende-se.

de pálpebras de saibro, uma candeia afronta
a sua face, brilhante e pequena. essa luz
compõe os lábios em espadas e desenha
uma porta que se abre aos planaltos, e colhe
o oiro da carne: a palavra palavra.


Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=85820