
O ALFINETE
Data 09/06/2009 14:25:27 | Tópico: Poemas
| Não fui convidada para ir à pesca, mas quando saí de mim tropecei na tua rede porque a linha estava fora dos carretos. Propositadamente caí. Primeiro foram as gravatas e os nós que o tempo se tinha encarregado do colocar no ar, e os enlaces eram tão encobertos, que se revelavam de papo furado. O rascunho de nós, mais parecia um trapo saído de um programa de lavagem impróprio para inteligência Neandertal. A mensagem das badanas em código morse atraía as minhas orelhas apesar de já conhecerem de cor o anzol de tal olhar. O sinal da rede era por demais evidente e eu, que sou mesmo trouxa, passei-me e fui encher pneus. Comecei a pescar sem querer tudo o que o mexilhão não queria, tinham feito de mim o contentor do maremoto, que agarrado ao gancho do meu cabelo, balouçava o mar no seu ventre. Depois, quiseste a todo o custo decifrar-me, esventrar os meus olhos, deixar-me cega. Perdi-me, confesso! Mas não sei se lamento mais esta cegueira ou esta cegada, porque ando mais perdida que cachorro sem dono, mas com a chatice de andar presa na tua rede por um alfinete...
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