Obscuro, tão obscuro,

Data 10/06/2009 09:10:43 | Tópico: Poemas

Obscuro, tão obscuro, que me sinto coagulado.
Gela-se-me o sangue.
Freme o corpo todo como pegadas
na sombra desta gravidade.
Já não gravita o tempo, de si, imóvel.
O território de mim, está devastado
na pavorosa descida da idade.

Exalta-se, em mim, algures inquieta
uma ânsia incontida por escrever.
E escrevo compulsivamente.
Como se, para minha alma inquieta
fosse a necessidade necessária
duma droga, ácida, para viver.

Há forças em mim escondidas
que nem eu muito bem sei confessar.
Nascem da sombra… como a avenca em canto escuro onde apenas nessa sombra húmida
consegue viver e medrar.
E sem querer, ou por querer, em mim, sei lá…
uma força estranha gravita
e impulsiona-me em tal desordem
como se entrasse em transe
e flutuasse no universo, do caos p´ra ordem.

de "O Livro das Inquietações"



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