«« Conversam dois corações ««

Data 11/06/2009 20:54:15 | Tópico: Prosas Poéticas

Hoje conversei contigo, junto à lareira dos desejos,
Falei-te demoradamente, dos meus anseios, dos meus medos,
De um país adormecido, tão parco de sentidos.
Contei-te as diabruras de uma menina magricela,
Que via a vida límpida e singela, tal qual a flor amarela, que adorna o campo sul,
Onde enterro os desejos.
Falei-te dos grilos ralos, que teimam em musicar as minhas noites, acabei por dizer,
O que deveria esconder, talvez esconder, por bem parecer,
Falei-te da solidão, de quem vive em contra mão, dos desejos, que carrego no coração,
Sim, falei-te da solidão, a minha maior aflição,
Escutas-te em silêncio, o brilho no canto do olho, dizia-me que sim, entendias,
Compreendias cada palavra, para todas guardavas resposta suave, como aquela claridade
Que entra pela janela, meia aberta meia fechada,
Deixa entrar a aragem, e diz-me,
Que acredite, que converso contigo, demoradamente,
Junto à lareira dos desejos, aqueles que procuro esconder,
Talvez um dia tenha esta conversa.
No dia em que o céu e a terra se unam, em força poderosa, e me tragam, a tua alma em forma de rosa,
Vermelha, rubra de emoções, de desejos aflições, de quem viveu solidões.
E agora…
Conversam dois corações.

Antónia Ruivo


Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=86608