Fugir, fugir de mim

Data 03/06/2007 11:04:48 | Tópico: Poemas -> Desilusão

Fugir, fugir de mim e deste alagadiço cárcere
onde decapito desejos e belíssimos sentimentos
no vento incerto povoado da distância,
emudecida no clamor dum só grito,
e dos pássaros que me cantam calados por dentro,
em cenóbios, claustrofóbicos conventos.

Fugir do verbo que permanente te chama, em pranto
algoz e farto, fazendo de cada onda, ondulado,
verde planalto,
e das grades frias desta noite agoniada,
desta noite a respirar saudade nos poros do novo dia,
a cada inoportuna madrugada.

Deixa que me parta e que não volte,
deixa que tombe na dor do desalento, na enseada
agasalhada em torrentes de mágoa e morte.

Deixa que me cubram a boca plúmbea
no manto de magnólias, orquídeas e açucenas.
Que as nuvens elevem mais alto que astros
as minhas magoadas, silenciadas penas.

E que, amado, deste promontório angulado
o meu corpo em labaredas de chamas encontre
em queda o Oceano nele colado.

Para sempre!





Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=8664