são flores do teu jardim
Data 13/06/2009 19:33:41 | Tópico: Poemas
| - No dia em que a minha mãe morreu dobraram os sinos do Céu!
Minha Mãe. Como eu gostava de te ouvir dizer “Bom dia” logo pela manhã, para me acordares. Dizeres-me ao ouvido no murmúrio dum beijo tão sentido “acorda meu filho, olha a escola, que o dia está a romper”.
Pousavas a tua mão no meu cabelo revolto, - como a vida que me é madrasta…- aconchegavas-me o casaco ao pescoço arrumavas-me os cadernos na sacola - conhecia-los todos de cor sabias o que diziam mesmo no teu analfabetismo inconformado - e aí íamos nós ladeira acima até Olas por essa longa encosta fora, apertando na tua mão tão quente a minha mão tão fria a caminho da escola.
Hoje não te vejo ao dobrar daquela esquina onde ficavas, com o lenço que cobria os teus cabelos, negros cabelos, a dizer-me eternamente adeus. Nunca mais te sentirei a afagar os meus - tão rebeldes quanto eu! - com os dedos dessa mão tão belos.
Deixei de te ouvir dizer ao anoitecer “vai-te deitar que amanhã também é dia…” tu, que me ensinaste a benzer e a dizer “Pai-Nosso Avé-Maria”, com as tuas palavras de amor de fé, muita fé e alegria.
Sei, minha Mãe, a quem sempre conheci de fronte erguida que tenho muito a aprender da lição que me ficou da tua vida!
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