
EU NÃO ME SEI ESCOLHER
Data 14/06/2009 11:21:26 | Tópico: Prosas Poéticas
| Aquela seta que cai do sentido obrigatório apunhala-me a memória. Já nem sei se sou eu aqui que me exponho na secura das águas presas na latitude dos teus pólos, ou se estes te inventam em mim sem norte. A ansiedade já me persegue na sombra descalça das pontes impassíveis sem rios a cobrir. Carrego sem esperança palavras esquecidas e sem abrigo. E em cada viagem enfrento a tempestade da voz que me acusa a ingenuidade do crer. Em cada porto sou um veleiro fantasma no fumo da distância racional das paisagens que procuro. Na fome de sabê-las esventro-as calada e guardo-as no sangue dos tempos. Onde quer que vá tropeço no agoiro dos meus ossos de vento, mas devoro o medo e engulo as lágrimas. O caminho é um funil estrangulado onde nem o soluço cabe. Como atrai o horizonte da verdade que me cortará; como é falsa a guilhotina da justiça que me apagará de vez... Como é forte o sorriso dos pássaros, que me empurra para dentro de mim, no sentido proibido do esquecimento que me perde... Eu não me sei escolher...
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