
FLOR DE SAL-Poema RENASCER DE NOVO
Data 14/06/2009 20:55:27 | Tópico: Poemas
| I
Cibele, acrisolada nos seus olhos húmidos, apelava à demasia da vida, buscando na solidão alimento para a inquietude.
Sabia que, muitos anos volvidos, a repetição dos seus gestos, aparentemente inúteis, eram como que uma flor resguardada de ventos, por entre o ímpeto reprimido de paixões.
II
Dia a dia, mecanicamente, resistia ao luar e ao sol, a luz natural ofuscava-lhe essa ténue alegria que guardava, secreta e compungida.
Certos dias, raros, chispavam em si o brilho do desejo, e viam-na caminhar, solitária, o rosto e a voz ocultando o mais profundo do seu ser.
III
Que fazer, afinal, dessa flor tão serenamente resguardada, cuja seiva era a dádiva de uns olhos permanentemente húmidos?
IV
Nesse dia, igual a tantos outros, subitamente, irrompera nela uma vontade, inesperada, de partilhar o sonho, a maresia, o calor ou a geada, mesmo que o tempo persistisse a monótona cidadela de um Outono.
Soubera, enfim, que renascera para a vida.
(Poema inserido no romance FLOR DE SAL, com lançamento para breve)
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