Era cheio e claro o espaço que te dei

Data 03/06/2007 23:02:56 | Tópico: Poemas -> Sombrios

Era cheio e claro o espaço que te dei
dum peito aberto em seda plena

(E uma alma genuína de tão fina,
uma alma ingénua de menina …)

E nele, na fúria louca e extemporânea
de quem toma a cidadela a fogo posto,
acravaste o punhal fundo do logro,
concebendo absinto mote, cruel desgosto.

Eram castas as palavras que te dava
emanadas de ternura, de afecto e de magia
e mais límpidos os sonhos que sonhava
cavalgados em ginetes da mais fluida utopia.

E quando tudo em mim, confiante desabrochava,
crescia e, nata aberta, em seiva a ti me oferecia,
atalhaste mares, foste corsário agreste e bravio
dos meus cinco sentidos mareantes que,
perdidos, na dor insana de te ver partir
e de te desejar esquecer, me fizeram ser,
no palco frio da vida, mulher distante,
e fêmea forte apenas,
em cada palavra, em cada rima de um poema!

Era farto e claro o espaço que te dei.
Não existe mais, que em desumanas sitias
o desmembrei: na espada, no trote e no garrote!



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