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Data 15/06/2009 22:51:45 | Tópico: Prosas Poéticas

Hoje,
carrego nos ombros os males do mundo
Estou cansada, sinto-me enjeitada, despeitada, desenraizada
Tento raciocinar e não consigo, estou à beira do precipício
Negro, de um negro tão negro, que na negridão se perde
Hoje,
É um daqueles dias em que preciso de colo, precisava de ver o mundo
De mala a tiracolo, sair em busca do verde, das pedras, da areia
Areia fina que corre por entre os dedos
E nos fala dos nossos medos
Imagina como seria o mundo se a areia, se sobrepusesse
Á própria existência, imagina um mundo, onde a areia tivesse clemência
Onde a paisagem não estivesse adulterada, pelo homem
Esse bicho, raro, na existência, tão raro que segundo dizem
É o único que tem consciência
Essência da existência, bicho homem, falta de consistência
E eu, em tudo semelhante, na molécula mais ínfima
Carrego os males do mundo
E queria ser de pedra, fria insensível, que sobrevive ao temporal
Que nunca está bem nem mal, porque é pedra
Parco engano
Experimenta a partir uma pedra, ela te falará
Da sua existência , da sua consciência, da sua sobrevivência
Hoje,
Preciso de colo, preciso de ti
Para avivar os sentidos, e nunca deixar de sonhar.

Antónia Ruivo


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