SECARAM-SE-ME AS LÁGRIMAS

Data 16/06/2009 18:13:50 | Tópico: Poemas -> Saudade

SECARAM-SE-ME AS LÁGRIMAS

Foi muito o tempo
Incontáveis as horas
No meu alazão sem freios
Ineficazes dos meus pés as esporas
Tanto que foi o tempo.
E apesar da corrida incontrolada
Do meu alazão de pura raça
Estancaram-se-me as lágrimas
Secou-se-lhes a nascente
Que de aço feito sofrimento
A dor que roubou a vida às fontes.
Das lágrimas não há vestígios
Foi muita a dor, infindável ausência.
Regressado à casa paterna
Não vi ninguém do meu tempo.
Houve razão para as lágrimas
Desejei num manancial chorá-las
Mas estancada estava a fonte
Sem razões de esperança
A nascente
Não havia já ninguém do meu tempo
Limitei-me a chorar sem lágrimas
Etéreas gotas de orvalho
Filhas de uma dor que prometia
Ficar comigo eternamente


Antónius





Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=87253