Comentários, a doença sem sexo

Data 18/06/2009 23:20:35 | Tópico: Poemas

O prenúncio de que falo arregaça o que se imagina de um jeito que prepara com cuidado a introdução na vagina de uma escrita muito feminina. Falo em prenúncio porque é uma recta com nuances de excitação rija, aquela que se encosta às curvas de um texto e ameaça deleitar-se com languidez.
É explicita a leitura sem cuidado desta forma de falar. É tendenciosa a forma de olhar que se faz sem ler o que realmente interessa. Veja-se que se aponta a todo o lado menos ao sentido e ao sentimento. Tudo se vê à volta do centro, do sexo encorpado das palavras. É o desviado e disperso fulcro em que se afunda a falação dos interessados.
Os interessados. Ai os interessados esses malandros, os mais insuspeitos interessados, os insuspeitos do costume que babam a poesia através de ejaculações precoces que indiciam uma vida de rápidas fricções moldadas pela avidez da retribuição. A vontade de copular com tudo ao mesmo tempo, almejando prazer em alguma coisa e conseguindo realização em quase nenhuma, chega a ser frustrante e mostra fingimento no orgasmo que se devia ter com aquilo que deveria ser a cumplicidade entre dois corpos quentes:

a escrita e o leitor.

Valdevinoxis



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