
«« Meretriz sou eu ««
Data 19/06/2009 20:33:36 | Tópico: Prosas Poéticas
| Mulher perdida, mulher da vida Olho-te de cima do meu pedestal De mulher normal, na minha normalidade Anseio ser meretriz Tudo isso porque te vejo feliz. Olho-te e vejo-te, rindo alegremente, chamando aquele freguês Que me deixou mulher honrada, mas mal casada E tu , sim tu, aproveitas os meus anseios, os meus receios E vives sem querer saber de nada Passas o tempo encostada a essa esquina De lá para cá de cá para lá ensaias a dança da vida Vida fácil de mulher sem porte Quando ris à gargalhada, nessa esquina encostada Quando levantas a saia, sob o meu olhar de mulher ponderada Desfila a ilusão de mulher devassa, mulher de vida fácil Meretriz sou eu Que não vejo o penar, que te aponto esse desgastar De uma vida sem amar Meretriz sou eu Que nunca parei para pensar, o porquê Desse andar, que provoca o olhar de qualquer santo no altar Mas fico a matutar Encho a boca para falar o teu nome, a tua facilidade, sem ver a fragilidade E falo à boca pequena da minha leviandade, dos meus desejos obscuros Da falta de verdade que existe No amor que vendes, no sexo, que repartes, assim ao Deus dará Na gargalhada onde o choro escondes, quando eu mulher honrada Passo por ti sem te ver Olho aquilo que quero, vejo sexo, sexo e sexo, Sexo, meretriz sou eu Que nunca perdi um momento a pensar no teu sofrimento A razão porque estás aí Sim aí, de saia levantada, ainda não tiveste tempo De a baixar desde o dia que foste violada Por um qualquer homem, de mulher honrada Ainda não tiveste tempo de a baixar Desde o dia em que te puseram fora de casa Menina de tenra idade, o teu pecado A falta de sanidade de quem te gerou Tu que a troco de uns trocados, fazes sexo sem pecado Meretriz sou eu Não tive tempo, nunca tenho tempo
Sou honrada falta-me o tempo….
Antónia Ruivo
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