e me condeno tanto

Data 20/06/2009 21:53:48 | Tópico: Poemas -> Saudade

É dia de verão
condeno o calor ardente
do meu corpo em ti
ele chegou depois
e nunca veio antes
e hoje ele não vai chegar
esperei antes de te ter
tive-te depois de não puder ser.

Perdi o lugar onde te esperava
só me resta o amparo do horizonte
já não chegas
e as ondas tombam de saudade.

Eras tu que fazias nascer as manhãs
aquecias o Sol com o teu corpo
enlaçado nos meus braços
e os teus lábios nos meus
avinhavam a tarde quente.

Anseio num repouso
em que já não te aguardo
aperta a água salgada
na minha boca
a conservar a palavra
para que se preserve intacta
até que a lua beije teus lábios
e nessa noite um só desejo
numa paixão já marcada
que vai despindo
a roupa que cai para o lado
e o meu corpo se deita no teu
…e me condeno tanto
amar assim é castigo!

E o meu grito afoga-se com a maré,
o meu silêncio voa agora na gaivota
que repousa nas águas do mar

Peço-te, as minhas palavras
sempre foram crime,
abate-me com o teu último olhar




Imagem Sapo



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