Prosa de cão

Data 24/06/2009 18:39:19 | Tópico: Prosas Poéticas

Uma vez vi um soneto de pedra, mas quando o toquei caiu-me no dedo mindinho. Da unha nasceu-me uma couve portuguesa mas ela nem piava, nem salgava. Começou a chover. Eram urtigas que picavam cães na calçada dos meus pés, que me deram asas de pato bravo, mais bravo que cravo. Na fuga até levantei voo da ponte do Freixo, mas quando me dei conta estava em Roma. Lá, enfiaram-me botões de rosa nas orelhas. Provei a massa, lambuzei-me, enrolei a língua e voltei num fusil. Fui parar ao Brasil. No caminho de volta fui obrigada a trincar espinhos e tive de engolir uma rosa. A minha sorte foi que a couve se escapuliu de imediato para dentro de uma prosa. Saiu-me esta. Estou agora aqui à janela, debruçada num mangerico, que mais parece um mafarrico com cara de penico (tu)...Ah, e isto tudo, porque o soneto se zangou e cozeu o mangericouve numa sopa de pedra a servir num qualquer tasco onde se abrem garrafas com poemas...



Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=88205