DÓCIL NAUFRÁGIO

Data 26/06/2009 11:31:40 | Tópico: Poemas


Salga-me a carne o mar que navego,
Caustica-me a alma o vento à deriva
E gaivotas gementes mergulham-me os olhos,
Perdidos na linha onde pesco horizontes...

E as vagas embalam-me,
E o barco é meu berço,
Entrego-me, esqueço...

Salpicam-me os olhos gotas de tormenta,
Fustiga-me a esperança a vela rasgada,
E os risos disformes das nuvens em ânsia
Agitam o ventre do silêncio incontido...

E as vagas embalam-me,
E o barco é meu berço,
Entrego-me, esqueço..

Cerra-me o círculo uma praia sem terra,
Atinge-me o golpe do naufrágio que mina
As areias dóceis do meu abandono,
E as gaivotas pousam, em preces aladas..

Aladas de branco,
Aladas de paz,
Que a espuma, de raiva, desfaz...

E as vagas embalam-me,
E o barco é meu berço,
Entrego-me, esqueço...


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...acho que vale a pena... A Rute Gomes tem a emoção à tona da voz...



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