Um texto belo sobre poetas

Data 29/06/2009 17:24:58 | Tópico: Textos

Ali, no seu fascínio de pessoa atenta, como quem vê para além do que é supremo, o olhar estuda o todo. Com o seu ar de gente que se alimenta das coisas mais indivisíveis e que nem sequer se imaginam, senta-se numa pedra que contemplara antes na esperança de a compreender.
Fios de água, provocados por riachos, caiem pelo precipício abaixo e estatelam-se num charco com efeitos de espuma real. São tão únicos como constantes.
Naquela embriaguez de poesia que até nem é original, quando num relance descuidado, o poeta é pessoa e desvanece-se no ar impregnado de jeitos e palavras. Acometem-no, numa vontade já fugaz, velhas tentativas de não ser capaz. Conforta-o a inspiração que trabalha com rasgos de mão e investidas de coração sobre o papel.
Gente que é, o poeta remete para o que vê o poder ver mais ainda. Chega a sentir a veemência do indizível cravada no seu discernimento que lhe lembra, com a sua voz de, outrora poesia guerreira, que é nas entrelinhas que se asseguram as enxaquecas dos tiranos.
Ali, no fascínio de olhar muito para lá da atenção, arregalou os olhos como poucos, pedindo perdão por todos os momentos sono que o tiveram como dono.
Sorrindo e no seu estado mais natural, o poeta escreveu um texto belo sobre poetas.

Valdevinoxis



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