acerca de touradas

Data 30/06/2009 15:39:45 | Tópico: Crónicas


O(a) poeta pimba é aquele cujo coração sangra tanto que dava para fazer uma arrozada de cabidela. Rompe as falanges na tecla do computador até sair algo tão incongruente que faz vomitar o comum mortal e ao poeta pimba como ele, fá-lo tecer loas de algo que ele(a) também não percebe mas como tem palavras e metáforas como: -coração estilhaçado; morro em mim para viver em ti; solta-se o grito mudo; brotarão flores ao raiar do sol e réu-béu-béu pardais ao ninho- já faz dessa jorda um poema do catano. Principalmente quando os comentários em jeito confessional de pura adoração e devoção recebem respostas como: “acho que deambulo entre o questionar e a ilusão sempre presente de que me misturo com a natureza.
Acho... nem sei porque escrevo determinadas coisas. Sai...”. Bem… isto então é uma pérola literária. Mas o melhor destes (as) poetas (isas) é quando não percebem algo e catalogam isso como tourada sem qualquer respeito pelos demais numa arrogância imprópria de quem se auto-intitula poeta (isa). Em relação às touradas não há como chamar à liça o saudoso Ary e dedicar-lhes uma pequena estrofe:

Entram guizos chocas e capotes
e mantilhas pretas
entram espadas chifres e derrotes
e alguns poetas
entram bravos cravos e dichotes
porque tudo o mais
são tretas.

Depois temos aquelas que debicam beijo azul para aqui, beijo azul para ali e ainda oferecem sacos para os outros vomitarem devido aos desmandos delas. Para essas vai mais uma estrofe do Ary:

Entram vacas depois dos forcados
que não pegam nada.
Soam brados e olés dos nabos
que não pagam nada
e só ficam os peões de brega
cuja profissão
não pega.

E depois vem uma turba de alimentadores da vã discórdia que mais não fazem que se imiscuir na pútrida devassidão da intolerância e da incompreensão, preguiçosos de raiz, e para eles o Ary também tinha resposta:

Entram cavaleiros à garupa
do seu heroísmo
entra aquela música maluca
do passodoblismo
entra a aficionada e a caduca
mais o snobismo
e cismo...

Depois ainda andam uns palhaços (as) que se resguardam, travestidos energúmenos para tentar aliciar conluios e devassidões que tais. É tempo de Ary novamente:

Entram velhas doidas e turistas
entram excursões
entram benefícios e cronistas
entram aldrabões
entram marialvas e coristas
entram galifões
de crista.

O Ary se viesse agora aqui postar um poema, pouco seria lido ou aclamado, tenho certeza. Felizmente para ele que das leis da morte se libertou. O poeta pimba comenta aqui sem ler, escolhe o que finge ler por quem o comenta e lhe tece loas. É triste, eu sei, mas é verdade. Isso perpassa na simples análise de alguns comentários…é só estar atento. E se o texto for um pouco longo? Ui, ui…
E por agora despeço-me com amizade, não sem antes lhes deixar só mais um pouco de Ary:

Os que entendem como eu
as linhas com que me escrevo
reconhecem o que é meu
em tudo quanto lhes devo:
ternura como já disse
sempre que faço um poema;
saudade que se partisse
me alagaria de pena;
e também uma alegria
uma coragem serena
em renegar a poesia
quando ela nos envenena.





Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=88943