A Carta Que Nunca Te Escrevi ou a Simples Confissão do Meu Maior Crime (Parte XXIII)

Data 06/07/2009 10:06:54 | Tópico: Prosas Poéticas

Bruscamente ousei abrir a porta onde te julgava encontrar e senti o calafrio de quem desafia toda a morte que se tem na vida, foi avassalador. O desejo de desejar o Universo implodiu dentro de mim e esfumou-se em vagas memórias do que outrora fui, do que outrora sonhei de ti.
A vida sempre foi mestra em prometer-me tudo e a dar-me apenas as migalhas, os restos que os outros foram deixando por acharem que já disfrutaram de toda a beleza, da tua e de outras, mas eu não me importo.
Compreendo agora a loucura que me leva a escrever para ninguém ou para ti que de tudo o que me és, não és ninguém. A essa loucura chama-se solidão, escravidão, prisão. Tudo por te querer encontrar um dia, nem que seja por meros segundos, por fugazes instantes que não existem em mim.
O tempo é feito de voltas e voltas que se fundem numa cornucópia de sentimentos. Assim misturamos o ser com o querer ser, o ter com o querer ter.
Somos dois frutos proibidos que se apetecem um ao outro.


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