
MOVIMENTO BRUTO
Data 05/07/2009 13:23:40 | Tópico: Poemas -> Reflexão
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A cinética dos pratos manifesta-se Por meio de uma energia externa, Aparentemente, mantida incógnita Pelo grande poeta da inépcia.
Observem como eles, os pratos, Rebentos do reino do opaco, Rodopiam impulsionados Pelo inefável viço criptográfico.
Como rodopiam tais entes concretos: É conforme se movessem Empedernidos ao medo e aos dédalos do sombrio ego.
Ah, a impressão que me dá É de que eles começam Tal como se fossem Bólides, raios, guepardos E, ao voejar súbito de uma inesperada lufada-bálsamo, Parassem paulatinamente: Redendo-se, gradativamente, Aos enlevos emanados Do universo do portal do esgotável.
Ah, Ao me pegar Contemplando o desenrolar Do processo do movimento, Vejo que parecem ser guiados Pela perpetuidade qual irrompe deste extático momento.
Contudo, eu denoto Que a fugacidade soçobra o evo, Contido na inércia do movimento:
Aí, o ritmo do rodopio Cada vez mais arrefece Até os levarem plenamente Ao estado de estafa Para os transformar No mais suculento alimento Que sacia a força estática.
Afinal, Um tenaz pensar Assola o cérebro E molesta a língua:
Quem neles o movimento fomenta, hein? Ah, amigos, qual mistério não há, Porque os pratos são o objeto do desejo Que obriga os dedos a movimentar Os dois exemplares da matéria bruta Até a lassidão plenamente taciturna reinar.
JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA
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