É mais do costume, como é hábito!

Data 07/06/2007 23:03:16 | Tópico: Poemas

Disse um dia ao amigo do costume
que, como era hábito, acontecia sempre a mesma coisa...
que os beijos vêm em cardume,
que no mar se anda embarcado em folhas de rosa
e que as velas enfunam com o seu perfume,
que a gente se veste da mais fina loiça
enquanto se escaqueira a outra faiança
e que te aqueço sempre no meu mais ardente lume...

respondeu-me da forma habitual
em resposta dita de uma maneira usual
em tom mais do que natural... quase artificial:
“Meu amigo, ouve o que te digo...
não há nada tão estranho como o que é normal!”

Estas coisas do disparate sem sentido
dito a torto e a direito e ainda repetido,
acabam por vir tão de rotina
que uma mera ida à latrina
é um facto extraordinário...
deveras extraordinário!

Como é bonito, o simples dizer,
o falar abertamente do que fazer
e refazer... depois com a orientação dos textos
que se lêem para os dois lados
(ambidextros)
já revertida ou invertida ou divertida
ou virada e revirada como qualquer vida
que se quer igual ao cãozito que persegue o rabo...
(mas que nabo!)
e anda à roda, à roda, à roda, à roda....
num ciclo redondo que se repete
e repete num repente sempre repetente.

Valdevinoxis



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