Abriu-se a noite

Data 07/06/2007 23:14:12 | Tópico: Poemas -> Sombrios

Abriu-se pálida a noite!
Abriu-se a noite em fio de prumo!
Abriu-se
nas cores e tons de um amor-perfeito.

Nós, timoneiros insanos de um barco
sem rumo,
cruzamos na hora predestinada
a alinhada linha da Vida.

Da semente brotou flor,
nas mais belas tonalidades do Amor...
E o fruto, corajoso,
olhou o Sol de frente - agenciado, urgente -,
na hora matinal da manhã nascente.
Olhou o raiar reflorescido do novo dia,
p'la fresta, janela aberta, de espuma e maresia.

A rota estava anunciada, mas a árvore condenada.
Nós dois, desencontrados, não entendemos o mapa…
avançámos na estrada errada.

Abriu-se a noite!
Agora o vento chora no restolho em desalento.
As folhas arrancadas das nossas almas feridas
tombaram-se doloridas em valetas d'esgotos.
Apodrecidas são cama, feita de folhedo,
atapetando um segredo.

A semente foi flor e fruto
que na árvore engelhou, secou.
E que o mar frio da manhã envolveu
em leitoso manto de sal, chuva e pranto.

A semente,
jaz agora, indolente, sobre o véu escuro
do Sol Poente.

Abriu-se a noite e o Amor não floresceu.
O Amor … que de nós, se fez ausente!
Talvez para sempre ...


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