Os Loucos

Data 09/06/2007 08:19:37 | Tópico: Poemas -> Reflexão

Andam por ai a divagar
Aqueles, que a sociedade não quis integrar
Neste silêncio que paira no ar
Com esperança de que um dia se vão curar

Sempre a fumar, ou a delirar
Dizem que o tempo não custa a passar
Sabem bem porque vieram cá parar
Dificilmente da loucura se irão separar

Fixam o seu olhar
Em algo que não existe
Aquele delírio não vai parar
E aquela obsessão persiste

Aquela voz que vai com eles para qualquer lugar
Faz a loucura aumentar
A perseguição nunca vai parar
Até que eles não a comecem a tratar

Deambulam no silêncio de um olhar
Daqueles que por um bocado param para falar
“Quando é que vocês me vão curar?”
A pergunta persiste e a resposta fica no ar…

A loucura está instalada
A demência cada vez mais exacerbada
A esperança esfumaçada
A vida? Cada vez mais enevoada

Um movimento brusco, um olhar desconfiado
“Está atento, é preciso ter cuidado!”
Este está aqui internado
É louco, o caos está instalado
Aquele está no conde ferreira
Não batia bem da mioleira
Era tolinho coitado
Ainda bem que está internado

Ninguém se preocupa em saber o que estão a sentir
Ninguém vai perguntar se precisa de algo
Porquê? Porque está doente…demente…
É o ser que lhe está subjacente!

Aquele parou-lhe o caco
Era um fraco
Vai ficar internado
O caos está instalado

Os delírios não conseguem controlar
Não têm culpa de terem que aqui estar
Mas isso, ninguém quer saber!
É melhor esquecer, nem preocupar…

Eles também podem sentir
O que é ser posto á parte, de lado…
“Deixa-o praí que ele é meio chanfrado”

Sentado no banco do jardim a ver quem passa
Pega no cigarro para dar uma paça
Deambulam naqueles corredores frios
Aqueles que lá vivem até causam arrepios

A insanidade está lá instalada
Ninguém faz nada para mudar
A maneira de pensar
Daqueles que de fora dão uma olhada



A demência daqueles seres perdura
Por vezes o necessário era alguma ternura
Não sabemos o que pensam daqueles que lá vão
Só que pensam, que nunca mais sairão

Parecem ter aquele ar delirante
Também só param graças ao “calmante”
Parecem ser o símbolo da anedonia
Todos os dias são iguais com a esquizofrenia

Muitos deles estão lá á espera da morte
Para a família isso era uma sorte
Não os querem por perto
Pois o medo, é o mais certo

Alteração, é esse o seu mal
Vão leve-la até ao fim da vida
Acaba por ser uma viagem sofrida
Uma vida, uma hipótese Perdida…

Da Loucura á Sanidade vai um olhar de MALDADE…..

Cathia Chumbo



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