Deserto da Amazónia

Data 10/06/2007 01:15:43 | Tópico: Poemas

Quatro pontos cardeais,
Um mundo inteiro partido
Por vontade do egoísmo,
Devastado por nosso cinismo,
Sem Sol, sem Lua, corroído...
Animais... grandes animais!

Olhar o céu adormecido,
Sem a mais leve expressão,
O verde enegrecido das folhas,
Côr de esperança nas nossas escolhas,
Remete-nos para a falta de razão,
Para o nosso pensamento empobrecido.

O tempo que já escasseia
Escorre como sangue nas veias arbóreas.
Respiramos ar encaixotado
Feito de restos mortais, deturpado,
Lenhos tristes que contam histórias
Da aranha humana e sua teia.

Abrem-se os olhos dos políticos,
De gerações após gerações,
Dos seus filhos e possíveis netos
De crianças que não chegam a fetos
Quebram-se regras e tradições
Ouvem-se as vozes intolerantes dos críticos.

Escrevem-se nos murais palavras de ordem,
Palavras cujo eco nos ensurdece.
Plantam-se oásis num velhos desertos
Grandes cidades que ocupam espaços certos,
Tudo aquilo que esta raça merece,
Destruição, enquanto os homens dormem.

Vultos que adornam o pensamento,
Máscaras que tolamente nos enganam,
Nos fazem crer que temos vida na Terra,
Que existem campos verdejantes na serra
Arados que sulcam o campo e o esfaqueam,
Que o sonho é apenas algo sem discernimento.

Erigimos monumentos à nossa morte
Tumbas carregadas de sarcófagos,
De lembranças de guerra e genocídio,
Do nosso constante homicídio,
Homens loucos e necrófagos
Que deixam este mundo à sua sorte.

Uma guerra de muitas batalhas
Que nos corrompeu com espingardas,
Hordas que se degladeiam,
Bombas atómicas que se semeiam,
Amazónias queimadas e destroçadas,
Lutas feitas com paus e navalhas.



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