Coisas do molde

Data 28/07/2009 22:49:10 | Tópico: Textos

Saiu um remoque daquela besta que, tendo menos dedos de testa do que os que lhe restam, se pensou melhor que os demais. Saiu-lhe o remoque como pedra de toque de uma existência preenchida pela carência. Não é ofensa, antes será uma tentativa tensa de morder o medo feito, que lhe pica os calcanhares a torto e a direito, como se esta coisa de ser importante fosse algo realmente... importante.
Numa análise do foro da psicanálise, dir-se ia que é triste andar sempre de ataque em riste, sem conseguir dar descanso ao claro ar de tanso. Talvez seja vitima de um texto com rima mas, merece-o pelos agravos que tece. Os assomos de quase histeria não se amagam nem por um dia, o que ergue uma parede alta e grossa e uma cercadura de rede, com ar de cercania de choça, que o amura e isola do temor que o assola.
A desgraça do desgraçado é que embaça com dizeres de celerado! Não recua por orgulho mas, se segue, patina no barulho.
Francamente, não é culpado. É, antes, coitado de sentir rabeado que descende da submissão e ascende à falta de razão. Deram-lho... o sentir. Não exactamente assim mas, deram-lho. Lá diz a velha máxima que “de pequenino é que se torce o pepino”... e não é que o sacana foi tão torcido que já não voltou ao inicial.
Termino com um, assaz apropriado, “não é defeito é feitio” que resigna qualquer um à fatalidade de que, sem interessar a idade, as bestas são moldadas e do molde não degeneram.

Valdevinoxis


Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=92414