Uma vez mais

Data 03/08/2009 16:39:43 | Tópico: Poemas

Do nada ao pó e defronte à morfina, é como quem morre que deito meus olhos ao pé das tuas palavras, poemas de algodão que a mim não pertencem, que não me vieram visitar os dias quando tudo aqui era enfermidade.
Num sempre último suspiro leio-te entre o embotamento e a lágrima, restos impecáveis do teu nome enquanto sou o ápice do que não importa.
No avesso de uma oração apresento-me aos cacos a uma nevralgia que se extingue lenta, arrastada pelo rio de sal que me serpenteia o íntimo nas manhãs corroídas pelas sombras dos teus dedos; nas tardes do amor em estilhaços; nas noites póstumas – madrugadas que me vão levar.
Tecido o manto negro que me espelha a face, o silêncio terminal que agoniza em mim; deixo-me quedar como em oferenda.

E pisas uma vez mais a flor dos meus dias.





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