Brumas de memória

Data 04/08/2009 16:10:06 | Tópico: Prosas Poéticas

A ria amanheceu,corpo deitado em lençóis de lágrimas e de prantos.
O sal branco
Esperança de que alimenta os homens
que de ti nasceram.

Os braços estendem-se na preguiça da alvorada
sulcos abertos pela forca de um rio de memórias
que se quis eterno

Dói-me a solidão deste barco abandonado
nos trilhos do tempo

Dói-me o silêncio dos amores esquecidos
disperso nas brumas da memória.

Percorro a história esquecida deste barco
abandonado, a deriva numa ria que já me pertenceu

Viagens de ida e volta
alimentando as almas da brancura do lençol
onde hoje descansas da fadiga.

Transportavas o alimento da terra
húmus da esperança de um povo
que viste partir.

Dói-me o vazio das lembranças
de um passado recente

Dói-me a ausência dos teus braços
que embalaram a minha infância

Os teus braços cansados recusaram-me o abraço
e eu parti.

Parti um dia, numa manha escura do mês de Agosto,
a procura de outra luz de outro sol
que me viu renascer.

Tu continuas solitário a acordar nesse lençol
salgado pelas lágrimas do pranto dos que vistes partir.
numa manha escurecida pelas brumas da memória.



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