A ria amanheceu,corpo deitado em lençóis de lágrimas e de prantos. O sal branco Esperança de que alimenta os homens que de ti nasceram.
Os braços estendem-se na preguiça da alvorada sulcos abertos pela forca de um rio de memórias que se quis eterno
Dói-me a solidão deste barco abandonado nos trilhos do tempo
Dói-me o silêncio dos amores esquecidos disperso nas brumas da memória.
Percorro a história esquecida deste barco abandonado, a deriva numa ria que já me pertenceu
Viagens de ida e volta alimentando as almas da brancura do lençol onde hoje descansas da fadiga.
Transportavas o alimento da terra húmus da esperança de um povo que viste partir.
Dói-me o vazio das lembranças de um passado recente
Dói-me a ausência dos teus braços que embalaram a minha infância
Os teus braços cansados recusaram-me o abraço e eu parti.
Parti um dia, numa manha escura do mês de Agosto, a procura de outra luz de outro sol que me viu renascer.
Tu continuas solitário a acordar nesse lençol salgado pelas lágrimas do pranto dos que vistes partir. numa manha escurecida pelas brumas da memória.
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