
SENDO NOS OUTROS A VOZ DO POETA
Data 06/08/2009 17:41:04 | Tópico: Poemas -> Introspecção
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A minha metamorfose só está completa quando por fim enlouqueço à falta de droga no sangue daquele que passando por mim trémulo e chorando eu não esqueço.
A minha metamorfose só está completa quando de minha boca o escarro é sangue ilustrando princípios de cirrose até que lhe sinta o cheiro e a deformação acometendo um ébrio vagabundo exangue.
A minha metamorfose só está completa quando me transformo num animal e pressinto a chegada do pedófilo esperando atrás das palavras o petiz senão pela palavra que seja pela força brutal.
A minha metamorfose só está completa enquanto espero a cada esquina o passar dos carros e as palavras dos infelizes desgraçada gente usurpando os direitos de uma pobre e desprotegida menina.
A minha metamorfose só está completa quando sou a loucura macia da infância e descendo as ruas os meninos uivam à lua organizando-se em grupos numerosos à falta de pais da fome e de toda a discrepância.
A minha metamorfose só está completa se sou sofrida e dorida mãe impaciente por calar a boca de seu bebé que clama de estômago inchado puxando pelos seios e na falta de leite o faz adormecer num repente.
A minha metamorfose só está completa se sou o metalúrgico o vidreiro o estudante que todas as manhãs passam por mim pensando em fazer um Mundo novo contra o novo despotismo trágico e hilariante.
A minha metamorfose só está completa se sou os senhores da guerra das injustiças vivendo todos os horrores das inclemências chorando cada uma das pessoas assassinadas porque o poeta não omite nem faz destrinças.
A minha metamorfose só está completa se jamais jamais calar a voz do poeta…
Jorge Humberto 05/08/09
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