A minha vida pelo tempo fora

Data 13/06/2007 11:03:28 | Tópico: Poemas

Quando andava nos qualquer coisa,
cheio de berlindes e rebuçados
que me faziam os bolsos inchados,
comecei a andança para agora
pondo uns olhos esbugalhados
na ponta mais alta do meu espírito.

Chegado a alguns depois dos dez,
no sétimo sonho de um céu adolescente,
recebi em definitivo talvez,
um embrulho de promessas rebeldes,
que me dizia de fragmentos de liberdade
e que as flores vão sempre morrer.

Por volta dos vinte e qualquer coisa
compreendi que os dias fugiam
e pedi uma audiência ao vento,
só para lhe pedir que parasse...
e com ele, o tempo,
que era preguiçoso, suave e lento.

Por altura dos trinta e muitos
ainda tenho esperanças e medos,
escrevo palavras e canções
e lembro-me de um futuro passado
que pendia para os dois lados
e me fez pedinte numa praia de ouro.

Por conta dos vindouros
receio ficar muito velho para viver
ou muito novo para morrer...
talvez ainda consiga andar à velocidade da esperança
e sentar-me no reflexo de um espelho
a ler canções numa explosão de silêncio.

Valdevinoxis


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