ELEGIA OU UM CANTO DESAFINADO

Data 11/08/2009 04:03:11 | Tópico: Poemas

para os meus amigos xavier zarco, josé félix, domingos da mota e eduardo roseira, dedico. para fabrícia muniz, consagro, acima de tudo, pela fidelidade de sempre.


esta manhã que me tinge os olhos
não é uma manhã comum
não é uma manhã qualquer
há uma lâmina na minha garganta
como querendo calar a um grito
não sei se um vômito


sim - vomitaria numa madrugada qualquer
como se eu fosse um bêbado escroto de rua
não faria os sonetos que fiz
e cagaria na calçada da rua onde moro
pouca importância dou nesta hora ao polícia
que me venha prender por ato obsceno
nasci obsceno

nesta madrugada eu calaria as luas todas que colhi
e apagaria todos os sonetos inclusive os que não fiz
faz frio em meu país
faz gelo em minha liberdade
(o ato de criar pouco importa aos outros
ainda mais quando nos cortam a voz como se a censura valesse alguma coisa ou merecesse respeito)

:na escuridão do quarto um poeta resiste e canta

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júlio


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