Monólogo ego-consciente de deus

Data 13/08/2009 23:24:31 | Tópico: Textos

Chamei-me Hitler num tempo que ninguém quer. Chamei-me Estaline, Mao, Bush ou outra coisa qualquer em tempo parecido. Chamei-me o que me quiseram chamar e aqui estou, tão simples como só eu sou.
Um dia, até já fui Gandhi, Sousa Mendes, Schindler, pescador, sei lá que mais. Fui tanto, tanto e, no entanto, resume-se tudo ao que sou. Simplesmente deus, o todo único.
Fui um molho de Adamastores e toda a água do oceano circundante. Cheguei ao extremo de ser esgoto e, nem por isso esgoto tudo o que fui ou me chamei.
Escrevi memórias, todas as memórias, filosofias, todas elas, teorias, não me faltou nenhuma e tudo o que me apeteceu. Matei, nasci, fiz crescer, sequei, saqueei, até caguei quando me aborreci. Bebi, li, fiz tudo.
Deus. Acreditas? Eu sou aquele que te fala neste momento, empunhando uma faca ensanguentada e uma flor perfumada. Eu sou aquele que te fala neste momento, enquanto bato uma punheta e penso em mim. Acredita! Diverte-me que acredites, por isso acredita. Até isso eu sou... o teu acreditar. E sabes porquê? Porque me apetece.
Pequeno. Minúsculo. É assim o meu “d” de deus. Não preciso que seja grande. Não quero que seja grande porque esse sou eu.
Enorme. Maiúsculo. É assim o meu “EU”. Esse sim, é magnífico.
Não se pense que se pode ser livre. Sou todos os pensamentos e conduzo todas as acções. Sou tão ditador que ditei que todos devem pensar que têm direito a ser livres. Porquê?
Sou deus!

Valdevinoxis



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