Quarentena

Data 16/08/2009 23:22:16 | Tópico: Prosas Poéticas

Se falo peco e em regime de inanição penso um chocolate quente.
Quantos espirros por mim passaram e ainda durmo, borboleta espetada numa página em branco.
Troco um poema alado por duas notas musicais, uma banda de maçã por um preservativo novo, um frasco de absinto vazio por três colheres de aveia, uma caixa d’água por cinco e meia da manhã.
Se falo peco e em mastigando o mutismo enveneno os esgotos de mim.
Bárbaras as purpurinas que me cegam, por onde olho vejo sirenes, ouço luzes alarmantes, engulo o branco da estupidez recheado de alérgeno.
O tempo tão caro, empregado em perda.
A palavra inútil, estampada no outdoor.
Todo o meu amor, que não seja capaz de morrer à míngua, hostilizado, na soleira de uma ilha.

Com quantos paus se faz um transatlântico, pergunto eu.





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