
Rastejo dobrada a um sonho sem asas
Data 15/06/2007 10:18:51 | Tópico: Poemas -> Tristeza
| Rastejo dobrada a um sonho sem asas em que a poeira da estrada se colou na greda de um mel e de um fascínio. Grudada, caminho na metamorfose do grito em rios de água inquinada e salobra consumindo bastidões de ventos nocturnos e bebendo a podridão ácida dos dias.
Não mais encontro os teus passos esfumados da sincronia de rotas cruzadas, não mais escuto os brilhos dos espelhos em que me dobro de joelhos e me corto ensanguentada nas vísceras pegajosas das palavras.
Vomito o verde de um tempo gasto no desgaste, na espera, do teu toque, do gesto, cada dia mais longe, cada dia mais fino. Na incerteza vergo-me virgem ao sonho em dores de pranto vasto, aprisionada a um querer que me consome.
Busco as esquinas afiladas e delas faço no caminhar de um caminho, as minhas estradas, de precipício, de sombras, de pó, em que, sem dó de mim, me afundo e premeditada me perco, certa de que se não te encontro encontrarei na falésia do medo, na boca silenciada do abismo, um ponto de Cornout.
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