Parca razão (racionada)

Data 22/08/2009 01:26:24 | Tópico: Prosas Poéticas

Ando racionando tudo. Até a razão. Pois, está findando qual o arroz do mês guardado naquela lata. Vou racionando como o viço de um sorriso em seu primeiro momento, que logo em seguida vai escasseando-se para poupar as rugas. Meu tempo já está pela metade e ainda vou economizando absurdamente a razão! Sustento essa idiotia porque posso deambular dias e dias sem ingerir esse alimento; sobrevivendo da mais pura emoção, que me encorpa, que me faz golfar algo morno, amorfo! Assim me intoxico, com sintomas de uma perturbada exaltação rasa e fluida... Pegajosa!
Tenho cuidado apenas com àquela hora “dos mágicos cansaços”. Àquela hora instável, de prumos sinuosos onde escorre dos dedos o melaço dos poemas doces, seguidos de outros tantos orgulhosos e viçosos, transbordando uma "sapiência" excessiva, muito vista! Sim! Depois agradeço por terem percebido que “eu sou demais"! Ah... São nessas horas (raras vezes) que procuro a razão em generosas colheradas de Drummond, outras tantas de Cony, Veríssimo, Euclides... Cecília, Clarice e até o Rodrigues! Para matar esta fome de “falta de saber”. Desci do ponto um pouco antes e sigo com pernas débeis, apertando um pequeno punhado de razão em minha mão.






Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=95663