Carta 1

Data 23/08/2009 01:10:08 | Tópico: Mensagens -> Amor

Do topo da macieira, num dia qualquer, num tempo qualquer.

Minha linda,

Escrevo-te agora palavras mudas que não podem chegar aos teus ouvidos. Esquivo-me em meus pensamentos, e, todos eles em um valsar inconstante, memoram-me cada instante de tua presença. Tu que nem ao menos sabes quem eu sou, que ignoras a minha existência, tu não imaginas que são para ti todas essas minhas palavras de agora, palavras de encanto que abandonam o meu peito, para repousar em teu olhar. E eu fiquei assim, à penumbra, a observar-te, roubando-te minutos preciosos para retê-los em meus pensamentos. Talvez tenha sido egoísta, talvez esteja sendo insano e pretensioso ao pensar que serei merecedor de teus olhos por essa minha febril escrita. Mas, o que posso fazer se tu me remetes a loucura? O que posso eu fazer se tu me tomaste a razão para só viver deste amor que sinto por ti? Não sei mais escrever se não for para ti, anjo meu.

Perdoa-me, mas hoje, como em todas as outras tardes desde que a ti conheci, segui-te até a biblioteca. Tu tomaste o mesmo livro, e, percorrestes com estes teus dedos suaves e macios aquelas páginas amarelecidas. Quantas vezes, eu fiquei a olhar-te furtivamente, assim, por cima de um livro! Os teus dedos, os teus olhos, o teu sorriso doce, as tuas mãos derradeiras sobre um bloco de anotações, tudo, absolutamente tudo me é fascinante, essencial a todas as minhas tardes. Fiquei sabendo após uma breve e discreta investigação, que tu estás imbuída de uma pesquisa minuciosa, e, que vens aqui todas as tardes tomar deste mesmo livro as informações necessárias. Tanto assim, que este livro já foi a ti reservado, e, não mais cobiça os interesses de outrem. Só os meus agora.

Aproveito o descanso que por hoje tu ofereceste a esse exemplar, e, tento refazer o delicado movimento de tua mão por aquelas páginas. Toco com as pontas dos meus dedos aquelas palavras, numa tentativa frustra de sentir o carinho que tu depositaste em cada uma delas. O amor que sinto por ti subleva-me o espírito e me faz corajoso de uma ventura arriscada. Deixo-te aqui, por essas tão preciosas páginas, esta carta, na espera que tu possas me reter contigo, das palavras que agora não ouso dizer-te. E se tudo te levares a um mais completo nada, que sejam os teus olhos a minha alvorada, para dizer-te nem sei quantas vezes, que eu amo você.

Voluptuosos carinhos meus,

Do teu,

Secret Passionné



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