
antes das escolhas
Data 26/08/2009 01:01:08 | Tópico: Poemas -> Reflexão
| No instante anterior a uma escolha estão ainda vivos todos os universos que ela pode gerar. No seguinte ocorre a destruição de quase todos. Escolher é matar. Mas isto é ilusão. Porque algo casual também reduz as possibildades. Se divido a escolha do casual tudo morre a cada instante, se não o faço tudo vive nos instantes. Estar atento aos instantes, é estar atento á vida. Juntá-los e vê-los colados é matar o que são, mas é ter consciência. A nossa exterioridade intrínseca manifesta-se quando nos encontramos no próximo. É saber que nos ouvem que nos faz falar. Não falar é solidão. Mas isto é ilusão. Porque falar não nos faz mudar de sítio. O que quero dizer sou eu, as palavras são comuns e nos outros estou separado de mim. A volatilidade dum momento enfronta a conscência a constatá-lo. Vê-lo a passar é colá-lo aos adjacentes. Acordar é estagnar. Mas isto é ilusão. Tudo o que está junto é parte mútua. Separar é criar a diferença entre o que somos e o que somos para nós. Nada do que é se sabe excepto o que se sabe, que é sem se saber. Comunicar é uma meta em cima dum abismo. A ilusão é real. Mas isto é ilusão. Poesia é não ligar ao que se tenta comunicar. É saber que todos se ouvem a si mesmos nas palavras dos outros.
2008/09/05
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