Somos quase nada num quase tudo

Data 26/08/2009 19:56:24 | Tópico: Poemas

Arando esta quase terra de quem não sei, vou descobrindo sementes de quase sentidos, lenta e delicadamente. Sentidos que nunca vi e que vou pintando a tira-linhas e temperando a conta-gotas noutra quase dimensão que guardo ao longe para um dia lá entrar. Aqui é apenas um ensaio de quase vida. Ando a treinar para ser forte como a areia, leve como uma onda, carícia como o fogo, e segura como o ar. Há que entender as coisas e dar-lhes o que lhes pertence na simetria da sua quase completude. Aqui o tudo é um quase nada, como a existência é uma quase solidão o escuro uma quase ideia, o silêncio um quase verbo e o amor, esse, é uma quase negação.
Dificil entender e levar adiante o aqui, onde tudo se mistura e é um quase nada num quase tudo.
É arando e dissecando a vida que esta partirá decantada de todos os quases, que sendo quases nos carregam em seres do nada.
Tenho uma quase ideia que quase posso dizer porque as palavras são quase perfeitas de imperfeição. Navego neste quase mar onde a água é um quase ar que respiro pelas retinas da insatisfação, num quase afogamento treinado para a sobrevivência do que quase abomino. Destilar é um quase impossível de ultrapassar no acidente onde quase sem culpa estou neste quase abismo de céu, mas nesta quase fé, quase força, acredito quase...quase, como neste quase sentir de quase palavras, quase cheias, quase gastas, mas que quase voam se lhes emprestarmos a alma...



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